I capitulo

03/03/2011 19:05

I- O pior dia;

 

Sabe aqueles dias em que nada faz sentido pra você? Que você acorda como ainda estivesse dormindo? Como se sua realidade não passasse de um sonho, ou de um pesadelo?Quando você passa a fazer as coisas automaticamente, seguindo uma rotina que você não escolheu que foi imposta a você, sem que você pudesse dar sua opinião em sua própria vida? Como se você não pudesse escolher seu próprio caminho? Já se sentiu assim?

Eu já.

E ainda me sinto.

Vivo por viver como se ninguém ligasse pro que me acontecesse, às vezes imagino que se eu morresse ninguém sentiria minha falta, e talvez essa fosse uma boa escolha. Luto pra acordar de meus pesadelos toda manhã para voltar pra a realidade, e minha fixa cai junto com água gelada que vem do chuveiro, conseqüência da conta de luz não paga _de novo_ pra variar, sou obrigada a voltar pra minha realidade onde tenho que enfrentar minhas dificuldades de cabeça erguida, ou pelo menos fingir que consigo fazer isso.

Hoje ao sair do meu quarto e passar pela porta do quarto de meu pai, vi minha madrasta afundada em sua depressão, não podia sair sem falar nada;

_Vick o que foi de novo?_Como se já não soubesse com certeza o estado de minha madrasta foi causado por mais uma discussão dela com o meu pai, de novo.

_Deixa pra lá nada que você entenderia _como se já não tivesse vivido esse drama o suficiente pra entender _tente ter um dia melhor que o meu.

_obrigada._precisava mudar o assunto _Vick você lembra ki a conta de energia não foi paga?_disse a primeira coisa que me veio na cabeça, e não foi uma boa idéia.

_Isso e com o alcoólatra do seu pai!_tive certeza que não foi uma boa idéia.

_Onde ele está?_como se não soubesse.

_No bar, onde mais ele estaria?_me respondeu virando para o lado.

_Tchau Vick vou pro colégio!_odiava vê-la assim mais ela sempre foi uma pessoa muito fechada e não sabia como conversar com ela _ate mais tarde_ disse passando pela porta

Meu dia com certeza não seria diferente dos demais, como sempre sai de casa sem me preocupar com o almoço ou em olhar para os lados, para não ter que enfrentar o bom humor e a ironia de Eltoon _filho apenas de Vick e era como se fosse meu irmão mais novo_ como todos os dias, fui pro colégio na esperança de encontrar distração nos belos olhos de Lucas.

Lucas estudava comigo há cinco anos eu era apaixonada por ele, sempre sonhei que ele fosse meu príncipe encantado que pudesse me tirar desse pesadelo que se tornou minha vida desde que minha mãe nos abandonou. Mas só piorava  as coisas,pois,  Lucas nunca correspondeu aos meus sentimentos, mal falava comigo, mais eu preferia viver a ilusão de que um dia ele se tocaria que eu o amava, porque pra mim qualquer coisa era melhor do que a realidade, onde eu não passava de uma jovem entrando em colapso, tendo que enfrentar o pai alcoólatra, a madrasta deprimida, o quase irmão maluco, a paixonite não correspondida entre outros problemas que apesar de me fazer querer morrer, eu me segurava na possibilidade de eu não ser a primeira nem a ultima a passar por isso.

Ao chegar ao colégio meu dia já estava ganho assim que vi Lucas, no mesmo lugar de sempre com os amigos esperando o sinal de a primeira aula bater. Lucas conversava com seu irmão Renato. Renato também era muito bonito, e parecido com Lucas _Embora a beleza de Lucas fosse realmente incomparável_ junto com eles estavam Vinicius e James. James era meu amigo, ou quase isso, já que eu não podia fazer do humor irônico de James um bom companheiro pra minha depressão, mas James era a única coisa que me ligava e me levava à turma de Lucas.

_Olha quem acaba de chegar! _disse James assim que me viu_ Eliza! _disse pegando minha mão e beijando meu rosto.

_Pois é, cheguei _disse desanimada, e tímida segurando meu coração que saltava pela boca ao perceber Lucas me encarando serio, como sempre.

_Foi bom mesmo ter te encontrado agora _como se não nos encontrássemos aqui todos os dias_ é que eu estou precisando de um favorzinho seu, coisa pouca só...

_Tudo bem James _o interrompi quando percebi o que era, a voz sarcástica, e as muitas risadinhas que se formaram em nossa volta- embora Lucas continuasse serio- só poderia significar uma coisa_ Eu fiz e te empresto o dever.

Meu coração estava em pulos, e eu lutava para que meus olhos não encontrassem os de Lucas, mais consegui manter o bom humor e fui recompensada com um meio sorriso lindo dele.

_Boa menina _disse James interrompendo meu delírio_ matemática, física...

_E inglês?_minha voz saiu baixa e Lucas já estava serio de novo_ todas prontas esperando por você.

_Assim que eu gosto gatinha. 

O assunto acabava e essa era a hora de sair, mais eu não queria então era a hora de ter algo a dizer, disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça, na tentativa de que o que eu falasse fizesse com que eles rissem, ou que pelo menos ele _Lucas_ risse, eu precisava ver aquele sorriso de novo.

_Na verdade James, eu não me incômodo nem um pouco e te emprestar meus deveres, mais porque mesmo você não os faz?

_Há Eliza! Falta de tempo _disse rindo malicioso_ sabe como é.

_Claro _disse Vinicius irônico_ conheço muita gente que sustenta a casa jogando vídeo game e pegando “as novinhas” sabe?_a turma caio na gargalhada, inclusive o dono do mais belo sorriso de todos_ isso realmente e uma ocupação bem mais importante do que a escola _Vinicius ainda fazia ironia quando disse isso embora eu soubesse que ele não discordava da ultima afirmação.

_Mas você não se importaria em me emprestar o dever né Eliza?_disse James ainda rindo do comentário do amigo

_Claro que não James _eu ainda ria deles quando respondi, e meu coração explodia ao ver Lucas sorrindo_ somos amigo né?

_Apenas amigos? _perguntou malicioso, me puxando pelo braço, James era do tipo conquistador, lindo, rico, popular e bom de papo, sonho de qualquer animadora de torcida sem celebro, o que não era meu caso, e ele sabia bem disso embora não cansasse de brincar desse jeito comigo. E ele também não gostaria de perder a minha “amizade” por uma simples ficada.

_Sempre _respondi escapando de seus braços

_Por enquanto _respondeu malicioso.

_Pra sempre _disse me virando para turma ao enfrentar os olhos de Lucas e dos demais _Mais alguém quer dever?_perguntei fazendo piada antes de sair, sabendo que ali meus deveres só seriam úteis a James e Lucas já que eram os únicos que estudavam comigo. Esperando desesperadamente que o Lucas pedisse. Mas ele não pediria a “mim”.Mas em troca fui recompensada com um lindo sorriso.

  Minha sala de aula era uma prisão, me sentia um pássaro enjaulado sem poder cantar, Lucas e James eram as únicas pessoas com quem conversava na sala agora que Catarina havia mudado pra outra cidade_ apesar de conversar com Lucas fosse à verdade um desfio pra mim, eu que era sempre uma pessoa equilibrada e centrada perto do Lucas agia feito uma pessoa com problemas mentais, ele me deixava muito nervosa. Catarina era minha melhor amiga, mais que uma irmã, acha que ela sempre foi à única pessoa que se importava de verdade comigo, a mudança dela foi uma verdadeira catástrofe na minha vida, e ainda hoje depois de dois meses de sua mudança, ela ainda me fazia falta na sala de aula e no restante da minha vida, já que agora só conversava com ela pelo celular e por e-mail de vez enquanto, quando tinha oportunidade. James e Lucas se sentavam no fundo da sala, enquanto eu era a primeira da fila o que me deixava completamente isolada, e apesar das aulas me entediarem, eu esperava que durassem ao máximo  

Pra que demorasse a ter que voltar pra casa e para passar mais tempo no mesmo ambiente que Lucas.

Os professores saíam e voltavam, falavam o dia todo ali na frente, pareciam não me ver ali, as conversas, as risadas e ate as briguinhas tudo acontecia todos dias a minha volta, como em replay, tudo, todos os dias, parecia igual para mim. As vezes os professores me incluíam em suas explicações e ate me faziam perguntas sobre a matéria, eu nunca estava prestando atenção na aula, mas o fato de eu estar ali fitada no quadro, faziam com que meus professores me vissem como uma aluna aplicada:

_Eliza_ disse Rosálie, professora de filosofia, me acordando de meus sonhos_ será que você poderia definir as noções de empirismo e racionalismo?

Eu não estava prestando atenção na aula e precisei de um minuto para responde La, nesse minuto olhei o quadro atrás de Rosálie.

Filosofia, O que é conhecer? Racionalismo e Empirismo “Penso logo existo”

Pensei no que tinha lido na noite anterior.

_Empirismo e racionalismo?

_Sim_ esperou ansiosa pela minha resposta.

_O empirismo diz que podemos conhecer as coisas por meio de experiência sensível, enquanto o racionalismo sustenta que há um tipo de conhecimento que emana diretamente da razão.

_Ótimo_ foi a ultima coisa que Rosálie disse naquela aula na qual prestei atenção.

Eu não sabia aquela resposta, ela simplesmente estava aqui armazenada, decorada em minha cabeça pra estas horas como todo o resto do conteúdo, eu sabia que não me concentraria na escola, ouvindo a voz e o som do sorriso de Lucas, e certamente como todos os dias, eu ficaria ali encarando aquele quadro com cara de quem estava entendendo tudo quando na verdade estava perdida em meus delírios com dono daquela voz que preenchia meus dias.

Eu sempre era a ultima a sair da sala o que fazia com que Lucas desaparecesse com os amigos antes de me despedir_ como se eu tivesse coragem o suficiente pra isso.

Ao sair da sala notei que Lucas ainda estava no portão, e pra minha decepção, de mão dadas com uma garota que eu não conhecia, passei tentando não olhar, a mais despreocupada possível, quando eles se beijaram na minha frente, meu coração saiu à boca, uma dor insuportável se formou dentro de mim, eu sabia que pra ele eu não era ninguém e não passava de mais uma na sela de aula, mais vê-lo com outra nunca tinha passado pela minha cabeça, e jamais tinha acontecido antes.

Sai quase correndo, tentando fazer com que eles não percebessem as lagrimas escorrendo pelo meu rosto, estava desesperada, quando alguém me chamou, e não era Lucas,_como eu queria que fosse_ era Vinicius;

_Eliza! _gritou de novo_ me espera.

Eu não parei não tinha o que falar com ele.

_Eliza não ta me ouvindo não garota?_ disse ele me alcançando.

_Preciso ir Vinicius_ disse de cabeça baixa andando.

_Eliza é que eu preciso te perguntar uma coisa_ disse-me seguindo_ é serio só você pode me ajudar.

Eu não pretendia parar, nada me faria parar.

_É sobre a Catarina.

Parei, eu sabia como doía não ter a pessoa que se amava, e a historia de Vinicius com minha amiga era tão triste quanto a minha. Catarina amou Vinicius em segredo durante anos, ate que ele se declarou pra ela justo uma semana antes dela se mudar pra outro estado.

_Em que eu posso te ajudar Vinicius? _disse o mais normal que meu estado me permitiu.

_É que Catarina não ta me atendendo, nem responde meus e-mails _disse ele preocupado.

_Vinicius a Catarina sabe que agora que ela mora em outro estado e vocês..._ Parei me perguntando como diria isso a ele sem o machucar, e cheguei a conclusão que era impossível dizer isso a ele sem que ele sofresse_ Ela queria estar aqui Vinicius mais ela não esta... Ela já sofreu de mais _disse tampando meu rosto com minhas mãos, para tentar enxugar meu rosto!

_Eu já imaginava que era isso_ ele também não estava bem, respirou fundo _mais nossa historia não vai acabar aqui e ela tem que entender isso... _ pegou minhas mãos tirando-as de meu rosto, quando percebeu meu estado.

_E você?_disse secando uma lagrima minha, com sua mão_ não me diz que esta assim por causa do James!_esse era o ultimo nome que esperaria escutar, isso me deu mais vontade de chorar, por ninguém perceber quem eu amava realmente.

_James?_Por algum motivo as pessoas achavam que eu gostava do James_ Não tem nada a ver com ele_ voltei a andar a caminho de casa.

_Renato?_Chutou

_Affs _respondi

_Bom, só te vejo com os olhinhos brilhando quando esta perto da gente, e imagino que eu não seja o motivo_ esperou uma resposta, mais eu permaneci em silêncio com a cabeça baixa seguindo meu caminho enquanto ele me acompanhava.

_Lucas?

_Esquece Vinicius_ parei o encarando, finalmente..._ nada no mundo agora vai mudar meu humor_ voltei a andar.

_Sei exatamente como você esta se sentindo Eliza_ e com certeza ele sabia_

Estou desconsertado com os últimos acontecimentos entre mim e sua amiga, mais o Lucas esta namorando com a Rebeca por que...

_Chegaaa!!_ parei gritando_ para eu não quero saber o que ta acontecendo com ele, que se dane Lucas e Rebeca, que se casem e sejam felizes para sempre, que se explodam juntos_ eu estava furiosa meu sangue fervia em minha veias_ Eu juro pra você Vinicius eu não to nem ai pro que acontece entre eles, para o que acontece com ele, entendeu bem?_disse gritando histérica.

_Calma Eliza_ disse segurando meus ombros_ você não precisa ficar assim, só me escuta ta bom?

_Você não sabe de nada Vinicius _respondi me livrando de suas mãos_ ninguém pode me ajudar, ninguém sabe de nada, eu estou sozinha agora, sozinha entende?_as lagrimas saltavam dos meus olhos sem que eu as pudesse segurar um nó vinha na minha garganta, todos os meus problemas estavam aqui agora e eu soltava tudo pra fora, tudo o que aprendi a fingir que não existia, pra parecer uma adolescente normal, parei para o encarar_ Vinicius meu pai é uma alcoólatra sem coração, minha mãe me deixou como uma roupa velha quando eu era apenas uma criança, minha madrasta não consegue pentear nem o próprio cabelo, meu irmão é um idiota, minha melhor e única amiga mora em outro estado agora, e você acha mesmo que o Lucas é o único motivo pra eu chorar?_O pior é que naquele momento ele realmente era o único motivo da minha crise.

_Não disse que ele era o único _Parou me encarando.

Eu não conseguia falar, so chorava como nunca havia chorado antes.

_Eu não disse isso Eliza _disse devagar calmo e baixo me fazendo me sentir uma idiota_ Você é linda Eliza, e precisa me ouvir, digo isso porque sei o que você ta sentindo e tudo o que eu queria quando estava assim era alguém pra me ouvir, e dizer que a pessoa por quem eu tava louco...

_Esquece, eu desisto_ eu ainda tava perdida na dor que ardia no meu peito, e nada que ele pudesse-me dizer mudaria isso_ tchau Vinicius esquece tudo isso ta? E me esquece também.

 Vinicius não me acompanhou dessa vez.

Sai parecendo uma doida pelas ruas aproveitando meu tempo sozi pra chorar e gritar, nada o que disse pra Vinicius era mentira, eu era uma coitada, se nem minha própria mãe me quis o que me fazia acreditar que Lucas fosse me querer?

Ele estava feliz e nem se lembrava que eu existia, por mais que a historia de Catariana e Vinicius fosse triste eles se amavam e isso os colocava em uma situação muito melhor que a minha.

Tudo o que eu queria era me afundar em meus travesseiros, e tentar morrer, ou pelo menos desmaiar e acordar daqui oitenta anos, embora eu soubesse que em casa nada melhoraria, pelo contrario.

Respirei fundo antes de entrar em casa, quando abri a porta não tinha ninguém na sala, atravessei a sala rápido antes que alguém aparecesse, antes de entrar no corredor olhei na conzinha, e percebi que meu pai estava lá, me virei rápido na ponta dos pés para que ele não me vice, e entrei no corredor, passei pela porta do quarto de Eltoon, e ele não estava ali, logo depois passei pela porta do quarto de meu pai, a porta estava fechada, pensei e seguir para meu quarto, mais sabia que minha madrasta podia estar precisando de mim, encostei o ouvido na porta pra ver se ouvia algo, não ouvi, minha garganta ainda doía, meu coração tinha um buraco e minha perna tremia não ia conseguir permanecer de pé por mais muito tempo, mais mesmo assim controlei o choro e abri a porta devagar. Vick estava na cama como de costume, pude ouvir seu soluço, ela ainda estava chorando, dei a volta na cama devagar e me agachei ao seu lado descobrindo seu rosto;

_Vick? _sussurrei

_Oi linda _ela estava mais calma do que pensei_ como foi seu dia?

_Não tão bom quanto esperava _disse controlando minha vontade de chorar.

_Você estava chorando querida? _disse ela tirando o braço de debaixo das cobertas e passando a mão pelo meu rosto_ o que aconteceu?

_Nada com o que a senhora tenha que se preocupar _disse começando a chorar_ ai Vick eu queria uma vida tão diferente pra gente.

_Eu também querida, uma vida bem diferente.

_Vick _a abracei como pude_ Você é minha mãe, sabe disso né?

_Eu sei meu amor _disse-me apertando_ e você é a filha que sempre quis ter _ me soltei de seu abraço olhando seus olhos vermelhos e inchados_ Eu te amo muito Eliza, e estou sonhando com o dia que pelo menos você vai se formar e sair desse inferno, e isso vai acontecer e...

_ELIZAAAA! _gritou meu pai da conzinha

_Vai querida, agente ainda é obrigada a isso.

_Vou sim _me levantei em silencio, secando minhas lagrimas_ tenta ficar bem Vick_ disse a caminho da porta.

Dirigi-me pra conzinha imaginando o que eu tinha feito dessa vez enquanto meu pai ainda me gritava histérico.

_ELIZAAA! NÃO ESTA ME OUVINDO GAROTAA!!

_Estou aqui pai _respondi o mais normal possível, e fiquei tonta quanto senti o cheiro de bebida que estava na conzinha junto ao meu pai_  O que o senhor precisa?

_Aquela preguiçosa da Victoria, inventa qualquer desculpa pra ficar na cama _ele estava muito bravo e falava quase aos berros mexendo nas panelas em cima da pia  eu já sabia para que ele me chamava_ Faz agora alguma coisa pra mim comer eu to morrendo de fome, e anda logo, porque se eu morrer eu levo vocês comigo ta me ouvindo? Ta me ouvindo garota?

_Estou pai _respondi enquanto ele saia da conzinha_ Eu não sabia que bêbado sentia fome_ disse baixinho caminhando pra pia de vasilhas que tinha que lavar.

Coloquei uma panela com água no fogão pra fazer um macarrão_ se ainda tivesse algum_ e retirei as sujas que estavam em cima dele, retirei todas as panelas, pratos, copos e xícaras sujas de cima da mesa e coloquei na pia, limpei a mesa  e abria geladeira pra ver o que tinha lá, e pra variar tinha cerveja, tive que tirar algumas latinhas vazias _que por algum motivo estavam lá dentro_ e jogar fora, a geladeira estava praticamente vazia, peguei dois únicos ovos, e um saquinho com alguns tomates e tirei da geladeira, abri o armário peguei o arroz e a farinha, que apesar de pouco ainda tinha, selecionei os tomates, apenas dois dos oito não estavam em péssimas condições, os piquei em um prato, estava lavando o arroz quando Eltoon apareceu na conzinha atordoado com os olhos vermelhos.

_O que foi Eltoon? _perguntei assustada

Ele se se sentou à mesa cruzando seus braços encima dela e deitando a cabeça neles.

_Eu preciso sair daqui _a voz dele parecia calma, mais ele não parecia tranqüilo, balançava a perna sem parar e continuava deitado com os olhos fechados_ eu vou sair daqui.

_Eltoon esta tudo bem?_perguntei encostando-me a seu braço.

Ele se levantou em um pulo, quase me derrubando, me empurrou contra a pia e disse gritando.

_Tudo bem? Você tem a cara de pau de me perguntar se ta tudo bem?Seu pai e um mostro garota, ele ta matando a idiota da minha mãe, e quer matar a nos dois também _ele se afastou tirando muito dinheiro do bolso_ eu vou sair desse droga de vida e que se exploda quem ficar.

_Eltoon onde você arrumou esse dinheiro?_perguntei assustada

Ele pegou parte e jogou encima da mesa.

_Desculpa maninha mais eu preciso fazer isso pra droga do seu pai não me seguir_ disse baixo, pegou parte do dinheiro e colocou bem no fundo do bolso, então se afastou dois passos, respirou fundo e gritou _FERNANDOOOO!!!

Pude ouvir os passos acelerados de meu pai descendo as escadas.

_Encontrei a ladra _disse Eltoon apontando pra dinheiro_ consegui arrancar dela.

Meu coração acelerou, eu não tinha roubado meu pai, tinha sido Eltoon mais meu pai jamais acreditaria em mim, ele me olhou com tanto ódio, e começou a me xingar de vários palavrões, contornou a mesa correndo pra mim pegar, antes que chegasse em mim sai correndo gritando que não tinha sido eu, e me tranquei no meu quarto, o que eu ia fazer? Meu pai esmurrava a porta, e ela não demoraria ceder, eu tinha que fugir mais pra onde? O que eu ia fazer? Pude ouvi a voz de minha madrasta gritando com meu pai!

Peguei minha mochila da escola, despejei tudo o que estava La dentro, e tirei algumas roupas da gaveta e coloquei e qualquer jeito La dentro, junto com minha escova de dente, peguei também um pouco de dinheiro que Vick me deu outro dia junto com uma foto, a única que tinha_ a única foto que minha mãe tirou comigo antes de sumir da minha vida_ coloquei a mochila nas costas e esperei meu pai arrebentar a porta, e ele arrebentou.

_Sua nojenta, o que você achou que ia me roubar e ia ficar por isso mesmo?

Eu vou te matar garota!!!_ ele estava com muita raiva, seus olhos estavam vermelhos e sua cabeça parecia ki ia explodir, jamais tinha visto meu pai daquele jeito antes, ele se aproximava de mim a cada palavra, o quarto era pequeno e eu não podia mais andar, estava na parede esperando meu pai me matar.

_Eu não peguei seu dinheiro pai _disse chorando com muito medo.

_Ingrata, vou te ensinar uma lição.

Fechei os olhos esperando pela dor, mais ouvi um barulho e um grito _de meu pai.

Abri meus olhos, e meu pai estava no chão, Vick, com um frigideira  na mão.

_Ele ia te matar _ela estava tão desesperada quanto eu, chorando, em uma agonia, soltou a frigideira e se ajoelhou ao lado do marido no chão.

_Eu não posso ter matado ele, eu o amo _ela deitou em seu peito chorando.

_Como pode amá-lo, ele transformou sua vida em um inferno _eu não podia entende La

_Você deixou de amá-lo por isso?_me perguntou chorando

Não respondi, não consegui, eu odiava meu pai ele destruiu tudo o que tivemos, ele nunca foi carinhoso ou gentil comigo, mais eu o odiava a ponto de querer vê-lo morto? Eu o amava?

_Corre Eliza _disse Vick apavorada de repente_ Ele esta vivo_ ela sorrio feliz.

 

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